terça-feira, 27 de novembro de 2018

Deve-se treinar cardiorrespiratório e musculação no mesmo dia? Qual a melhor opção?


Muitos perguntam como alcançar bons resultados em corridas ou práticas esportivas somando o esporte com a musculação, já que surgem muitas dúvidas se um treinamento compromete o outro ou não.

Qual seria uma forma de periodizar as sessões treino desse aluno/atleta? Deve-se realizar as sessões de força e aeróbio sem ou com intervalo?

Possivelmente nas academias temos aluno/cliente que tem esse objetivo. Esse é um desafio muito grande para os profissionais de educação física, pois será necessário manipular de forma minuciosa as variáveis agudas tanto do treino de força e aeróbio.

Abaixo segue um parecer do artigo cientifíco: Specifc training effects of concurrent aerotbic and strength exercises depend on recoveru duration
JULIEN ROBINEAU,  NICOLAS BABAULT, JULIEN PISCIONE,  MATHIEU LACOME,  AND ANDRE´ X. BIGARD e minhas conclusões após análise do estudo.

INTRODUÇÃO

A melhoria do desempenho físico é altamente dependente sobre o tipo de treinamento realizado. As  respostas fisiológicas ao treinamento de resistência, que comumente consiste em exercícios de baixa resistência e alta repetição e envolvem atividades cardiorrespiratória e muscular.

Em contraste, o treinamento de força, que inclui alta resistência e exercícios de baixa repetição, causam hipertrofia de fibras musculares e adaptações neurais que melhoram a produção de capacidade de força.

Porque muitas atividades esportivas exigem a execução de alta intensidade esforços que podem se repetir ao longo do tempo, os atletas podem ser obrigado a treinar tanto para força e resistência simultaneamente. No entanto, estudos anteriores mostraram que treinamento de força combinado com exercícios de resistência em um único programa é conhecido por prejudicar a força e os ganhos de potência em comparação com o treinamento de força isolado.

Hickson (1980),  foi o primeiro a fornecer evidências de que tal a formação atenua o desenvolvimento da força, em comparação com o treinamento de resistência sozinho. Numerosos estudos destacaram o impacto dessas interferências no força dinâmica, velocidade de corrida e torque máximo, especialmente em velocidades angulares rápidas.

Mesmo assim, outros resultados conflitantes também foram publicados para que prejuízo no desenvolvimento de força ou potência em resposta à formação concorrente continua a ser um tema de debate. A maioria das observações publicadas revela melhorias no consumo de oxigênio de pico e marcadores de aeróbica capacidade após o treino concorrente (treino de força X treino cardiorrespiratório).

Uma meta-análise recente e completa identificou a modalidade, duração e frequência dos exercícios de resistência como principal fatores que suportam os efeitos interferenciais da resistência treinamento sobre a melhoria esperada da força e potência em resposta ao treinamento de resistência. Além disso, influências de vários fatores de treinamento, tais como: a) intensidade e volume de exercícios de resistência e força, b) sequenciamento e tempo das  sessões de treinamento concorrentes, e c) o calendário dos períodos de recuperação entre os exercícios foi anteriormente endereçados para minimizar a interferência.

Por exemplo, programas de treinamento usando exercícios simultâneos em série (isto é, força sequencial e exercícios aeróbicos em cada sessão) levam a menores respostas do pico de torque do joelho extensores e flexores quando os exercícios aeróbicos precedem força em relação ao oposto. Apesar de concorrente programas de treinamento em que a força precede a resistência dentro da mesma sessão devem levar a mais adaptações de força favoráveis.

Outro fator importante que pode explicar a interferência efeito de programas de treinamento concorrentes que usam exercícios é a duração do período de recuperação entre exercícios de força e resistência. Para nosso conhecimento, dados descrevendo o papel desempenhado pelo atraso na recuperação entre exercícios de resistência e força em adaptações para protocolos de treinamento são de reposição. Foi demonstrado que um período de 24 horas recuperação entre as sequências de força e resistência leva a melhorias de força máxima mais altas do que quando ambos os exercícios são realizados durante a mesma sessão de treinamento .

Portanto, o objetivo deste estudo foi: a) investigar o impacto do treinamento concorrente quando a força precede exercícios de resistência sobre os ganhos de força e capacidade aeróbica e b) determinar se a recuperação entre exercícios de força e de intensidade elevada, do tipo intervalo influenciaria o efeito de interferência esperado.

APLICAÇÕES PRÁTICAS

Estes resultados sugerem que treinadores de força e condicionamento deve evitar o agendamento de 2 qualidades contraditórias (força x resistência), com menos de 6 horas de recuperação entre eles, enquanto um período de recuperação de 24 horas entre os exercícios é necessário para obter uma completa resposta adaptativa neuromuscular e oxidativa ao treinamento concorrente. Em resumo, não parece ser recomendado programar força e sequências de resistência no mesmo dia, independentemente da ordem e o atraso entre as sessões. De acordo com o artigo, é mais eficiente isolar cada tipo de sequência.

Em esportes de equipe, os treinadores também precisam programar treinamento técnico e tático específico. Estes podem induzir alta solicitação aeróbica semelhante àquelas mensuradas após o treinamento tradicional de resistência. Além disso, específico treinamento esportivo em equipe pode interferir na força desenvolvimento, se eles estão sempre programados perto de levantamento de peso sequências. Para por exemplo, poderia ser possível fazer um treinamento técnico sem movimentos intensos perto de uma seqüência de força. Neste estudo, usamos treinamento intervalado de alta intensidade que é usado regularmente em esportes coletivos. Outros tipos de alta intensidade exercícios aeróbicos podem ser realizados regularmente, como intervalo de sprint e treinamento de sprint repetido.

CONCLUSÕES

Os principais resultados do estudo apontaram que os incrementos em força, potência e capacidade aeróbia poderiam ser reduzidos quando o treino de força precede o treino aeróbio. Ainda, esse efeito de interferência poderia diferir através do tempo de intervalo entre as duas formas de treino. Ou seja, o efeito de interferência parece ocorrer quando intervalos curtos foram aplicados. Porém, em algumas variáveis o intervalo de seis horas também produziu algum efeito corrosivo.

Diante disso, treinamento concorrente sem recuperação entre as formas, ou com pouca recuperação (seis horas) não parecem produzir uma otimização de ganhos de força, potência e VO2. Assim, deve-se aplicar pelo menos seis horas de intervalo entre as formas de treino, enquanto 24 horas de intervalo parece ser necessário para obter uma melhora cardiorrespiratório e neuromuscular ótima.

Lembrando que o mais importante é saber qual o objetivo do exercício e o por que do treinamento, pois o artigo em si, demonstra para nós que aqueles que desejam ganhar massa muscular  e força, terão prejuízo de tempo e esforço se conflitarem os treinamentos sem respeitarem o tempo de recuperação. 

Já para aqueles alunos/atletas que utilizam do treinamento de força para os esportes, devem periodizar no seu treinamento, um percentual onde a referência seja a potência muscular, que soma-se a junção da capacidade de resistência e força com a velocidade do movimento. Desta forma, podemos concluir que objetivo segue diferente entre ambos os casos.

Já para aqueles que desejam o emagrecimento o treinamento concomitante é ideal para o aumento do gasto calórico e expansão do EPOC (Consumo Excessivo de Oxigênio Pós Exercício), pois isto influenciaria diretamente, já que, estudos têm sugerido que o exercício de maior intensidade produz EPOC elevado durante mais tempo do que exercícios de intensidades baixas ou moderadas, mesmo quando possuem a mesma duração, devido ao fato do exercício de alta intensidade causar maior stress metabólico, sendo necessário então maior dispêndio de energia para retornar à condição de normal.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Ser Ativo: Benefícios da Atividade Física

Nesta semana, 12 a 16 de Setembro, estarei participando do SIPAT da Prefeitura de São José do Rio Preto e conversando sobre os benefícios de SER ATIVO e da ATIVIDADE FÍSICA  na nossa rotina. Desta forma, resolvi apresentar os slides da palestra e assim aqueles que desejarem se aprofundar no tema e aos amigos também se atualizarem sobre este tema tão importante para a vida de cada um.

Empresas, grupos, associações e afins que desejarem que falemos sobre este tema ou outros afins, estamos sempre a disposição.

Abraços




























segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Olimpíadas Rio 2016 - Parte 1

Está matéria foi publicada no portal da Globoesporte.com e realmente mostra o porque o time EUA é tão forte. Com o final da Rio 2016, possamos refletir sobre o esporte no Brasil e concluir que somente a soma de ESPORTE+EDUCAÇÃO para formamos atletas de verdade, não heróis esporádicos do esporte nacional. Se não dá para criar o modelo de excelência brasileiro, então vamos copiar o que dá certo em outros países.
CTRL C no modelo americano.
Diploma e medalha: a forte relação do esporte com as universidades nos EUA
Dos 555 convocados para a delegação americana, 440 praticam ou praticaram esportes universitários. Veja algumas curiosidades sobre a maior potência olímpica
Por Thales Soares*
Um atleta formado nos Estados Unidos carrega com ele uma essência esportiva forjada ainda quando criança. Associar os estudos e uma carreira vitoriosa em quadras, pistas, campos ou piscinas é algo comum, tratado como corriqueiro em uma potência olímpica. A relação entre as universidades e essas conquistas é intensa. Tão grande que 440 dos 555 convocados (79%) para os Jogos do Rio de Janeiro praticaram ou ainda praticam alguma modalidade em nível universitário.
Nomes de peso fizeram carreira universitária. Desde a tricampeã olímpica do vôlei de praia Kerry Walsh-Jennings, que passou quatro anos vitoriosos em UCLA na quadra, até os astros da seleção masculina de basquete, todos com passado em universidades.
- Eu joguei na quadra na UCLA e foi uma experiência maravilhosa. É sua primeira introdução ao esporte e aos treinamentos. Me ensinou o que é ser uma atleta. E agora tem vôlei de praia lá, estou um tanto enciumada (risos). Fico feliz com a oportunidade para os atletas e que isso esteja disponível para eles. Todo o trabalho duro na universidade realmente vale a pena. Eu fico muito ansiosa para ver o desenvolvimento dos jovens atletas e o que teremos no futuro - disse Lauren Fendrick, outra americana do vôlei de praia nos Jogos do Rio.
Esse benefício do estudo aliado ao esporte não é apenas exclusividade dos americanos. Eles oferecem a oportunidade para estrangeiros. Nomes de peso do esporte mundial passaram por suas universidades, estudando e competindo. Inclusive brasileiros, como a goleira da seleção feminina de futebol Aline Reis, que agora trabalha como preparadora de goleiras em UCLA.
- A diferença mais forte é a cultura. Lá, a galera ama o esporte. Todo mundo dá muito valor. Os pais querem que os filhos pratiquem esporte porque veem vantagem nisso, não só no ganhar a medalha ou se tornar um atleta profissional, mas o fato de se praticar o esporte e aprender muita coisa no esporte coletivo, principalmente. A diferença cultural é gigantesca. Começa desde as meninas com cinco, seis anos de idade já fazendo parte de times e praticando futebol - afirmou Aline.

O peso é grande em relação ao que as universidades apresentam para os atletas em estrutura, melhor do que a da maioria dos clubes brasileiros. A Universidade de Phoenix, por exemplo, da o seu nome ao estádio que recebeu o Super Bowl de 2015, e o ginásio da UNLV, em Las Vegas, foi sede do período de treinamento da seleção americana de basquete antes dos Jogos do Rio.
- A universidade foi uma experiência incrível na minha vida. Foram os melhores anos. Se pudesse teria ficado os quatro anos lá, mas tomei a decisão de sair para virar profissional. Se você for um jovem jogador e quiser ter tudo à disposição, está lá. Tratam você como o melhor e ainda dão educação - comentou Domantas Sabonis, filho de Arvydas Sabonis, jogador da seleção de basquete da Lituânia, que assinou contrato com o Oklahoma City Thunder para disputar a próxima temporada da NBA.
Confira abaixo algumas curiosidades sobre a equipe olímpica americana para os Jogos do Rio:
MAIS MULHERES
Dos 555 membros da delegação americana para os Jogos do Rio de Janeiro, 292 são mulheres. Recorde da competição, superando as 289 da China em 2008. O Brasil, por exemplo, terá 209 em 462 classificados.
100% UNIVERSIDADE
Oito esportes contam apenas com jogadores que disputaram ou ainda disputam  universitários. Basquete (24), saltos ornamentais (10), esgrima (14), hóquei sobre grama (16), vôlei (24), remo (41), triatlo (6) e polo aquático (21).
campeonatos
DOMÍNIO CALIFORNIANO
Estão representados 46 dos 50 estados americanos, sendo que a Califórnia conta com 125 atletas. Em segundo lugar, vem a Flórida, com 40, seguida do Texas, com 33.
ATLETISMO
A equipe de atletismo dos Estados Unidos definida em uma seletiva no país conta com 17 atletas ainda cursando universidades. Entre eles, Devon Allen, vencedor dos 110m com barreiras na competição que lhe deu a vaga para os Jogos Olímpicos do Rio, que também defende Oregon no futebol americano com expectativa de se tornar profissional.
CONTRASTE NO FUTEBOL
Enquanto o Brasil sofre com a dificuldade dos jogadores de futebol em completar seus estudos, a seleção feminina dos Estados Unidos estreia nesta quarta-feira, para enfrentar a Nova Zelândia, às 19h (de Brasília), com apenas uma das 18 jogadoras sem formação universitária. Lindsey Horan é a única a não ter feito faculdade, recusando uma bolsa integral de North Carolina para assinar um contrato profissional com o Paris Saint-Germain.
SUCESSO EM 2012
A delegação americana em Londres contou com 530 atletas. Deste número, 118 medalhistas do país na competição haviam cursado ou estavam cursando uma universidade.
MUDANÇA DE ESPORTE
Alguns esportes não fazem parte da programação da principal organização esportiva universitária dos Estados Unidos (NCAA). Com isso, alguns atletas acabam mudando de modalidade depois de formados em busca de uma chance de participar dos Jogos Olímpicos. Jogadora da seleção de rugby, Ryan Carlyle praticou softball na universidade. O esporte foi excluído do programa olímpico recentemente. Campeão do Super Bowl com o New England Patriots em 2015, Nate Ebner entrou para o time de rugby Sevens.
SEM UNIVERSITÁRIOS
A equipe feminina de ginástica normalmente não tem relação com universidades pela idade das atletas - muito novas. Alisa Kano está listada como aluna de Oakton Community College, mas não pratica a modalidade na faculdade. Badminton, judô, pentatlo moderno e tiro com arco são outras modalidades que fogem dessa relação.
*Colaboraram Cíntia Barlem, Gabriel Fricke e Thierry Gozzer
Publicada dia 03/08/2016

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Exercício e a Cirurgia Bariátrica


A Organização Mundial de Saúde classifica a obesidade como uma doença crônica, de etiologia multifatorial e de proporções epidêmicas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004; ALLISON et al., 2008). Ziegler (2008) refere diminuição da média de idade de início do sobrepeso nos últimos vinte anos, com aumento da incidência e prevalência de sobrepeso e da obesidade em crianças, adolescentes e adultos jovens.

Recentemente, o Ministério da Saúde divulgou uma pesquisa que revela que quase metade da população brasileira está acima do peso. Segundo o estudo, 42,7% da população estavam acima do peso no ano de 2006. Em 2011, esse número passou para 48,5%. O levantamento é da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), e os dados foram coletados em 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal. O estudo também revelou que o sobrepeso é maior entre os homens. 52,6% deles estão acima do peso ideal. Entre as mulheres, esse valor é de 44,7%. A pesquisa também diz que o excesso de peso nos homens começa na juventude: na idade de 18 a 24 anos, 29,4% já estão acima do peso; entre 25 e 34 anos são 55%; e  entre 34 e 65 anos esse número sobe para 63%. Já entre as mulheres, 25,4% apresentam sobrepeso entre 18 e 24 anos; 39,9% entre 25 e 34 anos; e, entre 45 e 54 anos, o valor mais que dobra, se comparando com a juventude, passando para 55,9%.

A obesidade é multi determinada por fatores fisiológicos, genéticos, ambientais, sociais, culturais e psicológicos, e aumenta o risco de ocorrência de doenças orgânicas e transtornos mentais e comportamentais, tais como os transtornos depressivos, de ansiedade, de personalidade e de compulsão alimentar (LOLI, 2000; ARONNE, 2002; CAPITÃO; TELLO, 2002; DOBROW; KAMENETZ; DEVLIN, 2002; AZEVEDO; SPADOTTO, 2004; FANDIÑO et al., 2004; HALPERN; RODRIGUES; COSTA, 2004; SANTOS, 2005; ALLISON et al., 2008). O fator genético da obesidade tem recebido destaque nas pesquisas, ampliando a compreensão de que a obesidade depende de uma vulnerabilidade biológica associada ao desenvolvimento do comportamento alimentar e ao sedentarismo (DEVLIN; YANOVKI; WILSON, 2000; ARONNE, 2002; ALLISON et al., 2008).

Nos casos de obesidade mórbida, as pessoas geralmente têm uma longa história de tentativas na diminuição do peso, por meio de dietas e pelo uso de medicação, com as quais não obtiveram o efeito desejável (DOBROW; KAMENETZ; DEVLIN, 2002; ASCENCIO, 2006; GIBBONS, 2006). A compulsão alimentar tem relação com a obesidade mórbida e é um fator dificultador do tratamento, ocorrendo com maior frequência em pessoas com obesidade precoce, oscilação entre períodos de perda e ganho de peso (SEGAL; FANDIÑO, 2002; APPOLINÁRIO, 2004; FANDIÑO et al., 2004; SANTOS, 2005). Para Kathalian (1992, p. 274), “a quantidade de tecido adiposo conta uma estória que por vezes é intensa, grave, duradoura, removível ou eterna. Mas, sem dúvida alguma, plena de frustrações”.

A cirurgia bariátrica é um dos recursos utilizados no tratamento da obesidade mórbida e considerada o método mais eficaz por Devlin et al. (2000), Garrido Jr. (2004) e Santos (2005). Consiste na intervenção cirúrgica realizada no aparelho digestivo para diminuir a ingestão e absorção de alimentos. O resultado esperado é a perda de peso e a melhora das comorbidades, gerando melhora na qualidade de vida. A cirurgia não altera os demais fatores envolvidos na etiologia da obesidade mórbida (SANTOS, 2005).


De acordo com o Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica - SBCBM, a cirurgia é indicada para pessoas maiores de 16 anos, desde que haja consenso entre a equipe médica e familiares, apresentam obesidade mórbida estável por pelo menos cinco anos, com tentativas de tratamento prévio por no mínimo dois anos, ou para pessoas com índice de massa corporal (IMC) entre 35 e 40 que sofrem de patologias associadas, tais como hipertensão arterial, problemas ortopédicos, apnéia do sono e diabetes; é contra-indicada nos casos de cirrose hepática, doença renal, disfunções hormonais, dependência química, quadros psicóticos ou demenciais graves ou moderados.

O procedimento para realização da cirurgia bariátrica inclui avaliação individual, realizada por médico cirurgião e clínico, nutrólogo e/ou nutricionista, psiquiatra e/ou psicólogo, fisioterapeuta, educador físico e anestesiologista (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 2005). Após a avaliação, o paciente irá conhecer as características, as necessidades, os riscos e as limitações da cirurgia, participando de reuniões com a equipe multiprofissional e com pacientes já operados, para assim ter mais certeza da decisão (BELFORT, 2006).

Apesar dos benefícios proporcionados pela cirurgia bariátrica, os obesos mórbidos ainda encontram dificuldades com a manutenção da massa corporal e com o surgimento de inúmeras complicações de ordem metabólica após a cirurgia. Reconhecidamente a prática regular de atividade física ou exercício físico tem se apresentado como um importante componente, não só para o controle do peso, mas também para redução de outros fatores de risco.

Diversos fatores parecem ser determinantes para o início da obesidade. Porto et ali, identificaram em amostra de obesos mórbidos do estado da Bahia que, 36% tornaram-se obesos na infância, 14% durante a puberdade e 33% nas sucessivas gestações. Evidências apontam que as causas da obesidade na infância vão desde o ambiente intra-uterino, ganho de peso além do normal no primeiro ano de vida, aporte calórico excessivo, hábitos sedentários, entre outros. Além do mais, crianças e adolescentes obesos comumente permanecem obesos quando adultos, tendo risco aumentado para doenças metabólicas e cardiovasculares. Ao analisar o comportamento do IMC, observou-se redução significativa após a cirurgia bariátrica, com tendência de estabilidade ponderal a partir do sexto mês após a realização do procedimento. 

Em amostra de 48 pacientes, operados com o mesmo procedimento cirúrgico e com distribuição semelhante por período pós-operatório, houve redução gradativa do IMC, com diferença estatística em todas as fases (< 6 meses, 6 a 11 meses e 12 a 18 meses), atingindo também menor IMC e maior percentual da perda de massa corporal no período de 12 a 24 meses. Dependendo do tipo de cirurgia realizada, a redução da massa corporal tende a ser mais intensa nos seis primeiros meses, estabilizando após dois anos, com chances de recuperar uma parte perdida após atingir este platô. Na avaliação dos itens relacionados à saúde, observaram-se melhoras significativas na percepção da qualidade do sono, redução do estresse e da ansiedade. A obesidade parece apresentar relação com maiores níveis de sintomas depressivos e ansiosos, porém, com a redução da massa corporal, são observado aumento da autoestima, melhora do relacionamento social, diminuição da ansiedade e depressão. A diminuição da ansiedade também contribui para o aumento do controle do mecanismo compulsivo da ingestão alimentar, observado após a cirurgia, o que ajudará a manter as dietas de baixas calorias.

Com relação à qualidade do sono, a maioria dos pacientes classificou como boa após a cirurgia, caracterizando uma melhora significativa. Charuzi et al. 22 analisaram por meio de questionários e polissonografia 51 pacientes submetidos à gastroplastia, e encontraram melhoras em todos os parâmetros de qualidade do sono analisados, devido a redução significativa das apneias, associadas à redução da massa corporal alcançada pela cirurgia.

Em se tratando do comportamento para atividade física foi observado aumento significativo nas atividades ocupacionais diárias de intensidade moderada após a cirurgia. A diminuição das atividades de alta intensidade pode ser explicada pela realização recente da cirurgia em alguns pacientes, em que grandes esforços não devem ser realizados. E também, podem ocorrer complicações pós-cirúrgicas, necessitando de maiores cuidados e acompanhamento médico. As atividades ocupacionais diárias e as atividades de lazer ativo são importantes indicadores para verificar se indivíduos são suficientemente ativos ou não.

A avaliação da atividade física realizada no tempo destinado ao lazer tem sido frequentemente assumida como uma boa representação da prática na população. Semelhante ao estudo de Reis et al.,  foi observado um aumento das atividades de lazer após a cirurgia, sendo citadas como atividades preferidas a caminhada, o andar de bicicleta, dançar, ir à praia, jogar vôlei e futebol. Houve relatos de melhor disposição para realização de tais atividades, devido à redução da massa corporal e melhora das comorbidades. Entretanto, a participação em programas de exercícios físicos foi muito pequena, tanto antes, quanto após a cirurgia. Elkins et al.,  observaram que a falta de exercício era característico em 40% dos pacientes obesos com seis meses de cirurgia bariátrica, aumentando em indivíduos com até um ano pós-cirurgia. Em contrapartida, Silver et al., observaram que antes da cirurgia 17,9% dos indivíduos praticavam atividades físicas regularmente, aumentando para 82,9% após a cirurgia. Mais recentemente, no Brasil, estudo identificou aumento no número de praticantes de atividades físicas após a cirurgia, porém, quanto maior o período pós-operatório e mais próximo à massa corporal desejada, menor a prática de atividades físicas. O envolvimento regular com atividades físicas é fundamental para perda e/ou prevenção do aumento da massa corporal.

É importante que tal comportamento seja incorporado desde a infância e adolescência, pois além de promover benefícios à saúde já nestas idades, as chances de os indivíduos permanecerem ativos na idade adulta são maiores. Em suma, foi possível identificar que o comportamento para atividade física em geral não foi satisfatório, tanto antes, quanto após a cirurgia, ao contrário dos indicadores de saúde, os quais demonstraram melhoras significativas após a cirurgia.

Um dos motivos pode ser pelo fato de a maioria dos participantes do estudo, relatar necessidade de orientação para atividade física, mesmo afirmando ter bom conhecimento sobre os seus benefícios e sua saúde. O acompanhamento por um profissional de educação física parece ser essencial para uma adequada orientação e prescrição, provavelmente favorecendo a um maior engajamento na prática de atividades físicas, podendo contribuir não só para o sucesso da cirurgia, mas também em benefícios para a saúde em geral.


Além do mais, são escassos os estudos que tratam do comportamento para atividade física nesta população, dificultando uma discussão e análise mais aprofundada do assunto.

De qualquer forma, ilustramos a importância do exercício físico na vida do paciente, seja ele no pré e/ou no pós-operatório, pois somente adotando uma vida mais ativa, poderá alterar a sua qualidade de vida e a sua rotina de forma definitiva, caso contrário, o risco do aumento do peso corporal, após o período pós-cirúrgico será encarada como procedimento normal na vida de um indivíduo que não mais poderia ganhar este peso.  

Em breve estenderemos este artigo para os procedimentos a serem executados antes da cirurgia bariátrica e quais atitudes devem ser adotadas posteriormente ao procedimento.

Um grande abraço.

Prof. Gabriel Lage

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Prof. Gabriel Lage: OBESIDADE: UMA DOENÇA, UM CASO DE POLÍTICAS PÚBLIC...

Prof. Gabriel Lage: OBESIDADE: UMA DOENÇA, UM CASO DE POLÍTICAS PÚBLIC...: Publicada no último dia 31 de março, uma pesquisa apresentado no Seminário ISA-CAPITAL 2015, revelou dados importantes sobre a obesidade na ...

OBESIDADE: UMA DOENÇA, UM CASO DE POLÍTICAS PÚBLICAS OU DE AÇÃO?

Publicada no último dia 31 de março, uma pesquisa apresentado no Seminário ISA-CAPITAL 2015, revelou dados importantes sobre a obesidade na atualidade na capital paulista e que reflete diretamente os dados no país inteiro. "ESTAMOS AUMENTANDO OS ÍNDICES DE OBESIDADE" ou seja, estamos engordando.


A pesquisa aponta os dados em comparativos com a tabela de IMC, ou seja, para os padrões considerados normais temos a classificação de padrão entre 18,5 a 24,9, sob o calculo de peso divido pela altura.

No mesmo seminário em 2003, os dados sobre a obesidade na capital estava em 38% e em 2008 já apontou um aumento para 42,3% da população. Nos dados divulgado nos último levantamento apontaram os alarmantes 49,7% da população paulistana acima do peso. Em comparativos com os dados nacionais, que são piores ainda, temos 52,5% da população brasileira com gordurinha excedentes.

Estes dados nos levam a reflexão que a nossa população não pratica atividade física, se alimenta em grande parte mal e de produtos industrializados e dorme muito mal, seja morando em grande centros ou pequenas cidades, pois a grande desculpa nas metrópoles é perda de tempo com o trânsito e a correria do dia-a dia, Já pequenas cidades, em que o percurso entre o trabalho e a residência levam em média de 10 a 15 minutos, muitos não fazem da prática da atividade física por falta de estimulo e motivação,

Apontado como três grande combatentes da obesidade e de suas doenças correlacionadas, a prática regular de exercício físico, alimentação com qualidade e dormir são os três pilares para uma vida saudável, prática que defendo com meus alunos e clientes, sem estes, não alcançaremos uma plenitude no dia-a-dia com qualidade.

Mais do que comprovado, algumas praticas podem levar qualquer individuo a uma substancial melhora nos seus dados de referências com a obesidade, como caminhar pelo menos 10 mil passos por dia ou subir 16 andares de escadas, se alimentar com produtos mais naturais possíveis como: verduras, legumes, carnes magras e frutas e ainda dormir pelo menos 7 horas por noite. Todos estes apresentados são também sugeridos pela OMS e foi salientado em cursos e livros que venho estudando sobre atividade física, nutrição e qualidade de vida.

Desta forma, precisamos que haja uma união entre entidades público e privadas para que sejam incentivadas as praticas saudáveis, pois nos patamares já apresentados, teremos grande parte da população doente em menos de 20 anos, pois a obesidade carrega com ela outras patologias, como cardiopatias, doenças osteo-musculares, endócrinas e tantas outras como na figura abaixo.


Para que isto não aconteça, precisamos que planos de saúde, empresas e governos incentivem a população em geral a fazer atividade física regularmente e se alimentar de forma saudável como apontamos acima, com campanhas de incentivo nas tvs, rádios e internet, levando quase a uma lavagem cerebral sobre a importância desta prática, não com modelos de beleza, mas mostrando realmente a importância de atingir patamares menores de obesidade ao longo dos anos e melhorando estes dados, teremos verbas públicas para investimentos em outros serviços como lazer, pois é sabido a muito tempo que a cada US$ 1,00 investido em atividade física, são economizados US$ 5,00 em saúde.  

Para que não façamos parte deste número desagrádavel da pesquisa, também é de suma importância a iniciativa própria do individuo em combater estes males do século XXI, pois quem mais ganha com na pratica é o próprio que escolhe mudar as suas medidas antropométricas e o peso da balança. Portanto, a escolha por qual lado da pesquisa você quer estar depende unicamente de cada um de si, pois a maior motivação para isto está realmente dentro de nós, seja aparecendo com a camiseta com uma protuberância frontal/lateral ou através dos exames laboratoriais.

Então vista seus tênis, sua camiseta e bermuda e AÇÃO e como na figura abaixo veja os benefícios que ganhará com a mudança na sua vida!!



Um grande abraço.




quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

FELIZ NATAL

Feliz Natal a todos e que as luzes de natal traga sabedoria, tolerância e força a todos nós e que Jesus esteja renasça em nossos corações todos os dias e que suas lições fiquem marcadas na nossa vida.
Um grande abraço.